Os povos da mesoamérica, vivendo em comunhão com os ciclos da natureza
tal como todos os povos antigos, foram construindo calendários cada vez
mais aperfeiçoados, sendo o calendário maia o ponto mais alto dessa
evolução e que, ainda hoje, nos fascina pela sua complexidade e relevância histórica, cultural e matemática.
A observação das influências externas periódicas na vida do planeta e dos seres vivos terá sido um factor fundamental na construção de uma religião e mitologia que, à semelhança dos longínquos povos orientais, tem como papel central a ideia do tempo dividido em ciclos. Quando a configuração do calendário se repete, não é apenas uma questão matemática, tal como quando passamos de 1999 para 2000 d.C.; Também se repetem as posições das estrelas no céu, as influências dos deuses no humor dos homens, a disposição da Terra em ajudar o Homem a evoluir. E esta noção de ciclos reflecte-se também nos mitos de criação: não há uma só criação e um só mundo; existiram antes de nós outros mundos, povoados por outros seres (humanos ou não), criados por diferentes deuses, cada um com o seu ciclo de crescimento, auge e declínio.
O fim de um ciclo, mais ou menos extenso, e o começo de outro foi sempre festejado com obras e oferendas, a sua ocorrência devidamente registada em pedra e encarado sempre como um período de tensão, como se os deuses decidissem se o novo ciclo deveria realmente surgir.
Os Maias tinham um calendário "anual" de 260 dias, chamado tzolkin, sendo desconhecida a razão, ou razões, para a escolha deste número. As teorias abundam, desde a matemática e astronomia, até às datas de colheitas, mas é provavelmente impossível saber qual a verdade. O que se sabe é que se baseava num ciclo de 20 dias (cada um com o seu nome), repetido 13 vezes.
Igualmente misteriosa é a questão do momento zero do calendário maia. Através do estudo de documentos e achados arqueológicos, a questão da correlação (isto é, a correspondência entre a data maia e o nosso calendário) foi aparentemente esclarecida nos anos 30 do séc. XX, sendo estabelecido que o dia zero maia corresponde a 11 de Agosto de 3114 a.C. Ninguém conhece, porém, o porquê da escolha desta data.
O tzolkin era usado para determinar o momento de eventos religiosos e cerimoniais, assim como para divinação mas, sendo observadores cuidadosos dos céus, os maias tinham também um calendário solar, chamado Haab', composto de 18 meses (cada um com o seu nome e hieróglifo) de 20 dias, com 5 dias sem nome no final do calendário (que se acreditavam serem perigosos), totalizando os já esperados 365 dias. A combinação de uma data Haab' com uma data tzolkin permitia distinguir uma série de 18.980 dias, equivalente a cerca de 52 anos solares, ou seja, cerca de uma vida humana. Para poderem datar acontecimentos que se estendiam mais no tempo, foi criado um terceiro calendário de contagem longa.
A hierarquia das unidades usadas é a seguinte: o nome maia para dia era kin e 20 dias era conhecido como um uinal; 18 uinals fazem um tun; 20 tun são conhecidos como katun e 20 katun fazem um baktun.
O calendário da contagem longa identifica uma data contando o número
de dias desde a criação maia, usando um esquema de base 20 ligeiramente modificado (uma vez que a unidade uinal reinicia ao chegar aos 18). Assim, 0.0.0.1.5 é igual a 25, e
0.0.0.2.0 é igual a 40, mas 0.0.1.0.0 representa 360 dias, em vez de 400, que seria no caso de uma contagem de base 20 pura.
A correspondência entre as unidades maias e os anos solares é dada na tabela seguinte:
Tabela de unidades da contagem longa
Dias |
Período da contagem longa |
Período da contagem longa |
Anos solares aproximados |
1 |
= 1 K'in |
|
|
20 |
= 20 K'in |
= 1 Winal |
0,055 |
360 |
= 18 Winal |
= 1 Tun |
1 |
7,200 |
= 20 Tun |
= 1 K'atun |
19,7 |
144,000 |
= 20 K'atun |
= 1 B'ak'tun |
394,3 |
|
Existem também quatro ciclos de ordem superior raramente usados: piktun, kalabtun, kinchiltun e alautun.
Assim, o dia de hoje (13 de Junho de 2012 d.C.) corresponde, no calendário maia, a 12.19.19.8.9!
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Calendário Maia no Codex de Dresden |